Quarta Rodada de negociação do setor privado
No dia 30/09/2015, na cidade de Blumenau, realizou-se a quarta rodada de negociações e, os sindicatos patronais mantém a mesma intransigência, ou seja, não repassar a correção inflacionária nos reajuste salariais, tanto do passado quanto do atual. A proposta para recompor o passado continua em 16,17%, retroativo aos salários de julho de 2012 data da última convenção, a novidade foi o aumento de 7% para 8% parcelado em 3 (três) vezes, para o acordo 2015/2016 em todas as verbas inclusive o vale refeição. Chegou-se a se ouvir na mesa que era viável que trabalhadores se alimentassem dignamente com marmitas de R$ 7,00, o que é um absurdo. Fica uma dúvida: os negociadores compraram apenas a marmita e depois tiveram que pagar mais para enchê-la de comida? Mais ainda, o Patronal disse que o reajuste do ticket não deve prezar pela média, mas sim sempre pelo mínimo. Isto vai contra qualquer lógica razoável, dada a complexidade das cidades e a vida urbana. Afinal, todos sabemos que dependendo de onde trabalhamos o valor do almoço varia, e nem todos estão dispostos a arriscar sua saúde em restaurantes que cobram por valores muito abaixo do mercado. É a cultura do “o barato que sai caro”. Os patronais devem se lembrar que a saúde do trabalhador é um bem que deve ser prezado, respeitado e valorizado, nunca menosprezado. Que tipo de garantias se pode ter almoçando em lugares deste tipo? Se os empresários não tem a cultura de repassar, por vontade própria, a reposição de inflação para seus trabalhadores, salvo obrigados por lei, quem garante que esta mesma mentalidade não faça os empresários de restaurantes colocar os ingredientes de mais baixas qualidades nestes tipos de estabelecimentos? Não, obrigado! Queremos dignidade!
Para justificar a continuidade de suas medíocres propostas, os Patronais continuam no argumento que quem vai em suas assembleias tem dificuldades financeiras, que é o mesmo para o nosso sindicato, só vai quem está em dificuldade. Aí se engana, prezado negociador. Quem vai em nossas assembleias sabe que precisa lutar por melhores condições de trabalho para todos, e são pessoas conscientes, enquanto que as empresas que estão indo em suas assembleias apenas querem utilizar os sindicatos patronais como aparato burocrático para rebaixar salários em nosso setor, e tornar as coisas mais fáceis para todos os empresários, independente destes terem já repassado a antecipação ou não, pois o salário da categoria em geral fica mais baixo. E aí entramos em outra questão: os negociadores dos patronais também erram ao achar que existe uma simetria exata entre CNPJs(entidades que o patronal defende) e Pessoas(pessoas com história, vida e necessidades que o Sindpd/SC defende), pois esta não é uma comparação leal. Os patrões tem posição de vantagem e o trabalhador tem hipossuficiência em relação ao empregador. Nunca, portanto, pode ser uma comparação simétrica! Vamos deixar de desonestidade intelectual nos argumentos! O sindicato expõe aqui a tática dos patronais.
Atenção, trabalhadores, não se deixem enganar, pensem: todo o lucro que nós geramos com nosso trabalho e que agrega valor monetário para a empresa vai em sua maior parte para quem? Patrão. Quando o governo tem que fazer cortes, atinge em sua maior parte o aumento do imposto para os ricos ou para a classe média e povo pobre? Os trabalhadores pagam proporcionalmente muito mais imposto que os empresários e os ricos. Recentemente foram cortados 80 bilhões de benefícios trabalhistas. Estamos sempre em desvantagem: é hora de virar o jogo!
Já com relação a jornada de trabalho, que o sindicato reivindica redução da jornada de 44h para 40h, alegaram não haver nenhuma disponibilidade de mudança nesta situação. O Patronal não deixa margens para negociar a redução da jornada, apenas define unilateralmente que a negociação de redução de jornada somente pode ser obtida com a obrigatoriedade de um banco de horas. Ou seja, apesar da tendência nacional e mundial de reduzir as jornadas para 40h, os patronais insistem em uma mentalidade ultrapassada de manter as 44h, em contraste inclusive com países como a França que já tem 35h semanais de trabalho e na Suécia, com carga horária de 30h. Mesmo reduzindo as horas, isto ainda significa um ganho para os empresários, como comprova a Toyota de Gotemburgo onde obteve aumento nos lucros em 25% em razão da redução de jornada (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/09/jornada-de-trabalho-de-6-horas-diarias-triunfa-na-suecia/).
Já o Sindpd/SC, não abre mão da correção salarial pela inflação, com alguma coisa a mais de ganho real, para que possamos recuperar nosso poder de compra. O patronal propôs uma nova rodada de negociação para o dia 08/10/2015 em Blumenau. Nós do Sindpd/SC exigimos que os patronais apresentassem nesta nova rodada, a proposta por escrito, para avaliarmos nas assembleias dos trabalhadores, lembrando que na rodada anterior tinha sido solicitada a formalização da proposta, mas o Patronal se esquivou por algum motivo misterioso.