11 de julho foi histórico para os trabalhadores: Saiba como foi!
As manifestações do 11 de julho chamada pelas centrais sindicais e diversos movimentos e organizações sindicais foram as mais fortes das últimas décadas e foram bem espalhadas por todo país e estado de Santa Cataria. As mobilizações de 11 de julho foram a continuidade e a ampliação das mobilizações que explodiram no país contra os reajustes de tarifa de ônibus, os gastos excessivos da Copa do Mundo, a repressão da polícia e a corrupção dos políticos.
Esse dia nacional de lutas recolocou na ordem do dia a tradição dos trabalhadores brasileiros em realizarem grandes mobilizações. Essa história de lutas a classe dominante trata de esconder e apagar da nossa memória. Marcaram a história de nosso país as greves gerais de 1917, 1986, 1987, 1989 e de 1991. Agora o 11 de julho de 2013 também entrou para a história. Apesar disso, a grande mídia se esforça para tentar esconder o tamanho das mobilizações do dia 11, mas o fato concreto é que uma imensa massa de trabalhadores e jovens protagonizaram manifestações, paralisações e fechamentos de estradas que demonstraram toda radicalização com a atual situação de coisas.
As Mobilizações em Santa Catarina
Em Florianópolis tivemos logo de manhã a ocupação de uma das pistas da ponte Colombo Salles que liga o continente à ilha pelos trabalhadores da COMCAP (Companhia de Melhoramentos da Capital). Paralisações ocorreram nos servidores públicos municipais, estaduais e federais e nos motoristas e cobradores do transporte coletivo da cidade. Na categoria de processamento de dados e TI tivemos a paralisação da empresa SERPRO, no Parque TecAlpha, Bairro João Paulo. A passeata unificada no período da tarde reuniu categorias e entidades mobilizadas, contando com mais de 5 mil trabalhadores que se manifestaram em marcha pelo centro da cidade. A Frente de Luta pelo Transporte Público, o Movimento Passe-livre e a ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre) também marcaram presença com uma animada coluna de estudantes universitários e secundaristas.
Palavras de ordem por mais investimentos em saúde, transporte e educação e por reforma agrária tiveram importante peso no ato. Marcou forte presença também a exigência pela redução da jornada de trabalho para 40h semanais, o fim do fator previdenciário e o arquivamento do PL 4330 que aumenta as terceirizações. Foi cantado também que a luta dos trabalhadores é internacional, a exemplo das grandes mobilizações que acontecem hoje na Europa, e que nossa luta contra as opressões machistas, racistas e homofóbicas tem que ser todo dia. Inclusive, os trabalhadores cantaram mais de uma vez de maneira unificada: “olê, olê, olê, olá. Contra o arrocho salarial, trabalhador vai fazer greve geral!”. Partidos políticos de esquerda que vinham atuando nos movimentos sociais e nunca se renderam aos gabinetes e privilégios do poder também marcaram forte presença, a exemplo do PSTU, PSOL e PCB.
A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), a partir da pauta unificada das centrais sindicais, chamou a atenção da necessidade de se avançar nas reivindicações e lutar por uma mudança do conjunto da política econômica aplicada por todos os governos que vem priorizando o pagamento das dívidas aos banqueiros, as privatizações, as desonerações aos empresários e nada faz de concreto contra o aumento do custo de vida. A necessidade de também se lutar pela estatização dos transportes coletivos e a tarifa zero para todos. Foi denunciada a manobra do governo federal de desviar o foco das mobilizações com um plebiscito que não pauta as reivindicações populares.
Houve atos de rua também em outras cidades do estado, a exemplo de Chapecó, Blumenau e Joinville. A BR 101 foi bloqueada nas proximidades do viaduto que dá acesso à Blumenau, no trecho que dá acesso à Ponte de Cabeçudas em Laguna, em trecho próximo à Imbituba e no pedágio de Correia Pinto. Nesses atos de fechamento contaram com uma ampla coluna de manifestantes reunindo mais de 1mil pessoas, tanto em Laguna como em Blumenau.
Na manifestação de Florianópolis tivemos a prisão de 2 manifestantes. Após a prisão, a manifestação foi em direção à delegacia de polícia onde os manifestantes estavam presos. Eles acabaram sendo soltos após protesto em frente à delegacia que parou a Avenida Oton Gama D’Eça, no Centro da cidade.
As Manifestações pelo País
As principais cidades do país participaram do 11 de julho, como São paulo, Porto Alegre, Recife, Natal, Belém, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em muitos aspectos o 11 de julho significou um avanço em relação as manifestações de junho, pois categorias importantes que fazem o capitalismo funcionar pararam atingindo o lucro dos patrões. Portuários, metalúrgicos, transportes, construção civil e várias outras categorias do setor privado cruzaram os braços. Também houve importante presença dos trabalhadores do setor público. No setor de processamento de dados a manifestação no SERPRO foi organizada em mais de 10 estados da federação.
Não vamos parar por aqui! No setor privado de TI os trabalhadores tem que lidar com jornadas extenuantes de trabalho e baixos salários. Como se fosse pouco, a intransigência patronal nos deixou até agora sem a nossa Convenção Coletiva de Trabalho do ano passado. 2012 ainda não acabou para nós! Os patrões continuam a sinalizar com a mesma intransigência. Já estamos na database da próxima Convenção. Quantos anos mais os patrões tentarão nos roubar?
No CIASC, empresa de TI do estado, seu presidente, um coronel do exército indicado pelo Governador Raimundo Colombo, transformou a negociação salarial do ano passado em “caso de polícia”. No momento tenta criminalizar absurdamente um dirigente sindical do SINDPDSC. Enquanto isso as empresas privadas ganham contratos milionários de terceirização no setor.
No SERPRO e na DATAPREV, a presidente Dilma não deixa por menos. Impede, junto da FENADADOS, uma federação sindical governista na categoria, de que o SINDPDSC e demais sindicatos independentes estaduais se sentem na mesa de negociação da campanha salarial. Uma prática antissindical que remonta aos tempos da Ditadura Militar de “sindicalismo oficial de Estado”.
Devemos unir nossas demandas específicas com as demandas gerais da classe trabalhadora. Essa é a lição do 11 de julho. Não aguentamos mais o descaso com saúde, educação, moradia, transporte e segurança; a inflação e o endividamento das famílias; os desmandos dos políticos e seus privilégios e corrupção. Chega!
Os trabalhadores de TI são parte dessa onda de protestos e indignação. Não queremos apenas mudanças pontuais. Queremos mudanças na política econômica que dão generosos incentivos as grandes empresas às custas do arrocho salarial e que promove o aumento da privatização. Queremos serviços públicos gratuitos, de qualidade e para todos. Reivindicamos redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos. É necessário uma ampla Reforma Agrária e Urbana e o fim do privilégio dos políticos. ´
Vamos conseguir essas pautas lutando com independência de governos e patrões, unindo os trabalhadores e a juventude, o campo e a cidade!