Reajuste Salarial dos Trabalhadores do Setor Privado: Se o Setor Cresceu o Trabalhador Quer o Que É Seu!

Reajuste Salarial dos Trabalhadores do Setor Privado: Se o Setor Cresceu o Trabalhador Quer o Que É Seu!

A inflação, como todos sabem, é um problema muito sério. Ela silenciosamente vai corroendo o poder de compra dos salários, na medida em que os preços aumentam e o salário não consegue acompanhá-la, provocando uma carestia generalizada do custo de vida, penalizando duramente muitos trabalhadores brasileiros. Exatamente como acontece agora: o preço dos alimentos, do transporte, do aluguel, enfim, tudo ou quase tudo sobe mais do que o salário.

Costumeiramente, na grande mídia, no discurso do empresariado e na justificação das políticas econômicas dos governantes, existe um velho argumento de que a inflação seria resultado de um “alto gasto púbico” e de “exagerados reajustes de salários”, pois isso faria com que a demanda crescesse muito diante da capacidade da economia de produzir e ofertar, provocando um aumento generalizado de preços. Ou seja, o raciocínio é simples e ao mesmo tempo falso: caso os governos gastem muito com escolas, hospitais e serviços públicos ou os trabalhadores ganhem bons reajustes, o ritmo do consumo aumentaria muito, propiciando a escassez e a alta do preço das mercadorias.

O único remédio possível, nessa lógica, para combater a inflação, seria bem amargo para a imensa maioria da sociedade: apertar o cinto com arrocho salarial e corte de gastos públicos.

Porém, olhando mais de perto a explicação e a política que é receitada para resolver o problema da inflação, vemos que ela não tem o mínimo de sustentação na realidade, contribuindo, na verdade, para excluir as classes trabalhadoras dos benefícios e ganhos do crescimento econômico. Pois o discurso do “aperto de cintos” na economia para “controlar a inflação” não é para todos.

O setor de TI vem crescendo a taxas altíssimas nos últimos anos. Somente em Santa Catarina chega a taxas de 20%, 30% e até 40% ao ano. Os trabalhadores são sempre convidados a moderarem seus pedidos salariais dentro da lógica imposta, enquanto os patrões têm lucros nada moderados.

O que a inflação essencialmente representa é algo que os patrões não podem confessar aos trabalhadores. Ela representa um conflito distributivo na nossa sociedade, para ser mais exato, entre lucro e salários. Quando o patronato sobe seus preços sem que o salário o acompanhe ou quando se nega a repassar os ganhos de produtividade realizados pelos trabalhadores negando-se a conceder ganho real, ele aumenta seu lucro em detrimento do salário. Quando o Estado sacrifica as áreas sociais com cortes de verbas ele atinge mais diretamente as classes trabalhadoras, que notadamente são mais dependentes de serviços e políticas públicas.

A pauta de reivindicação dos trabalhadores nesta campanha salarial prevê reajuste com base no ICV-DIEESE. Para quem tem database em agosto, o índice foi de 6,37%. A pauta dos trabalhadores também reivindica ganho real de 7%. Assim, o índice total reivindicado pelos trabalhadores é de 13,82%. Além disso, os trabalhadores também reivindicam abono salarial para recompor as perdas mês a mês no período que vai desde agosto de 2011 até o mês de fechamento da Convenção Coletiva e que não são repostas pelo mero reajuste salarial.

Lembramos que a reivindicação salarial da categoria não é nenhum absurdo. O salário mínimo foi reajustado este ano em 14,13% e o setor de TI em nosso estado cresce a taxas de mais de 20% ao ano, como já falamos. A reivindicação dos trabalhadores não é apenas possível, mas necessária para que os trabalhadores tenham efetiva participação no crescimento do setor que é fruto do trabalho dos próprios trabalhadores.

No entanto, o patronal da informática oferece de reajuste salarial apenas o INPC-IBGE como índice de reajuste salarial. Para quem tem database em agosto o índice foi de 5,36%. A patronal não oferece nenhum ganho real ou sequer o abono salarial. Um verdadeiro desrespeito! Conheça a clausula sobre o reajuste salarial na pauta aprovada pelos trabalhadores.

CLÁUSULA 1ª. REAJUSTE SALARIAL

Em 01.08.2012, os salários dos trabalhadores serão reajustados em 100% (cem por cento) do Índice do Custo de Vida (ICV-DIEESE), verificado no período de 01.08.2011 a 31.07.2012 e aplicado sobre os salários pagos na data de julho de 2012.

Parágrafo único. Além do reajuste salarial, os empregados terão direito também a aumento real de 7% (sete por cento), a  incidir sobre o salário já reajustado na forma estabelecida no caput desta cláusula.

Parágrafo segundo. Quando a CCT não for assinada em sua data original (database) as empresas pagarão abono indenizatório de modo a recompor as perdas salariais contabilizadas desde a database até a assinatura da CCT. O valor do abono será calculado pelo DIEESE, que contemple as perdas salariais mês a mês a partir de agosto de 2011.