Terrorismo e chantagem: CCT 2012/13 é refém da ganância empresarial

Terrorismo e chantagem: CCT 2012/13 é refém da ganância empresarial

Descaso e visão arcaica
Os quatro cavaleiros do apocalipse salarial para os trabalhadores em TI de Santa Catarina: “Queremos tudo e oferecemos nada!”

Representantes dos Empresários de TI mostram a cara depois de seis meses e alegam não terem nada a oferecer aos trabalhadores. Negam crescimento do setor, insinuam congelamento salarial e corte de direitos adquiridos, caso o Sindicato não aceite a implantação de Bancos de Horas sem nenhuma restrição. Pode tamanha cara de pau?

Este foi  o tom da reunião convocada por iniciativa do SINDPDSC e mediada pela Superintendência Regional do Trabalho de Santa Catarina que acorreu ontem (30/01) em Florianópolis, e contou  com representantes das entidades patronais da Capital e Interior do estado. A meta do Sindicato era concluir as negociações da CCT 2012/13,  que tem sido empurrando com a barriga pelas entidades patronais por mais de seis meses.

No inicio da rodada os representantes do empresariado catarinense, declararam que não haveria nada a ser negociado: reajustes, benefícios ou qualquer outra cláusula da pauta dos Trabalhadores, que dentre outros pontos, além do reajuste salarial e outras cláusulas financeiras, chama atenção para a redução da jornada de trabalho.

Tal posição causou estranheza nos representantes dos trabalhadores, já que dados divulgados por órgãos oficiais e de Setoriais de TI, comemoram um crescimento superior ao de outras áreas da economia.

Os índices oscilam entre 12 e 16 por cento e em alguns casos, chegam a absurdos 40%,  no último ano (https://www.sindpdsc.org.br/materia/informes-economicos/deu-na-imprensa-setor-de-ti-cresce-e-e-destaque-mas-onde-esta-a-valorizacao-do-trabalhador). Esse cenário tão promissor conta com pesados investimentos do Governo Federal por meio de custeio, infraestrutura, financiamentos, renuncia fiscal e outros incentivos.

Redução da Jornada versus Banco de Horas

Mesmo diante desses índices de crescimento, o único ponto que interessa para os patrões e defendido com obstinação cega por seus representantes durante a rodada, foi o famigerado Banco de Horas.

Essa prática adotada por algumas empresas é questionada pelo SINDPDSC, uma vez que representa perdas reais para os trabalhadores além de aumentar os riscos de doenças adquiridas no trabalho (https://www.sindpdsc.org.br/wp-content/uploads/2011/08/Banco-de-Horas-14.06final-3.pdf).

A comissão patronal chegou ao ponto sugerir que a assinatura da CCT 2012/13, somente seria possível, caso o Sindicato dos Trabalhadores aceitasse a implantação do Banco de Horas sem qualquer mediação ou questionamento, conforme determina a Convenção Coletiva de Trabalho.

Enquanto em outros estados (RJ, SP, PR) a jornada foi reduzida para 40 horas, sem que isso afetasse o crescimento do setor de TI, em Santa Catarina, o pretenso “Vale do Silício Brasileiro” dá claros sinais de retrocesso nas relações de trabalho, exigindo um aumento da carga horária e pior, sem compensação financeira adequada, optando por manter um dos piores pisos da Categoria em todo o território nacional.

O argumento mais cretino utilizado pelos Sindicatos Patronais na defesa de um piso tão baixo, foi “a falta de mão de obra qualificada”.  Uma pergunta ficou no ar depois dessa declaração: Como é que esses caras querem mão de obra qualificada pagando uma “merreca dessas”?

Diante de posições tão retrógadas, de representantes de um setor conhecido pela inovação e criatividade, a representante da SRTE/SC “sugeriu” aos representantes dos Empresários que realizem uma nova consulta junto aos seus pares e que apresentem uma resposta a altura da pauta do Sindicato dos Trabalhadores.

Nova Rodada

Para a próxima rodada, marcada para 19 de fevereiro, a expectativa do Sindicato dos Trabalhadores é que os representantes patronais tenham analisado toda a pauta de reivindicações (https://www.sindpdsc.org.br/materia/aprovada-a-pauta-de-reivindicacoes-20122013) e não apenas o único ponto que lhes interessa.  Que considerem o aumento real no salário, no tíquete alimentação, no auxílio creche dentre outras cláusulas, tão ou mais importantes quanto o Banco de Horas, pois se fosse realmente benéfico para os trabalhadores, essa obstinação por sua implantação irrestrita não seria tão almejada pelos patrões.

Quer saber mais sobre a campanha salarial do setor privado e o crescimento do setor de TI confira o link abaixo:

https://www.sindpdsc.org.br/materia/saiba-tudo-sobre-a-campanha-salarial-do-setor-privado